terça-feira, 20 de abril de 2010

“O Labirinto do Fauno”

“O Labirinto do Fauno”

(Pan’s Labirinth/El Laberinto del Fauno -Gilhermo del Toro - Espanha/México)



Em certas obras de arte, como os filmes, conseguimos perceber e deslumbrar sentimentos hora esquecidos e sentir um pouco da agonia e beleza que é descobrir o mundo. É o que eu senti e o que acontece o tempo todo com Ofélia, a protagonista do filme “O labirinto do Fauno”; ao deparar-se com grandes conflitos da vida como a guerra, com apenas onze anos, ela cria um universo particular mágico e conflitante, que reflete o mundo real com muito mais cores e formas, amenizando e dando sentido aos fatos inexplicáveis da vida.
Durante a Guerra Civil Espanhola que Ofélia descobre a magia; sua mãe irá se casar com um Oficial fascista violentíssimo porque ela esta grávida e não tem condições de criar o filho porque é pobre, e ele quer um filho para servir o exército. Mudam-se assim para um acampamento militar onde Ofélia fica desamparada e sem amigos, e tem apenas a companhia dos livros. É dai que nasce o seu novo mundo.
Ofélia segue uma fada e entra em um labirinto, onde encontra o Fauno. E lá começa toda a sua aventura. Ela tem que realizar três trabalhos para voltar a ser a princesa de seu mundo mágico, e é guiada pelo fauno e por fadas. A criatividade de Ofélia representa a imaginação humana tentando amenizar, ou até fugir dos horrores do mundo frio e cruel; simboliza perfeitamente a iminência da perda da inocência humana, para entrar na realidade.



O excesso de violência em cenas do filme contrasta ferozmente com a fantasia. Em um dos três trabalhos Ofélia entra em uma caverna onde há um monstro que tem olhos na mão. A fala desta personagem “É desumano...” entra em conflito com toda a barbárie que os oficiais cometem durante o filme. É o irreal se misturando com o real, se transfigurando no próprio ser humano.
Há um paralelo entre Ofélia, os rebeldes da guerra e o nascimento do bebê, que representa o futuro dos espanhóis. Vale a pena ver o filme, porque as metáforas do filme são explicitamente subliminares como nós mesmos; o filme todo representa uma contradição entre ódio e amor, fantasia e realidade, inocência e pudor, sentimentos que estão presentes no mundo com seus representantes, mas esquecemos que está presente também em nosso interior. Não era imaginação da Ofélia. É tudo realidade, dentro do mundo de cada pessoa.




Autor: Jussara Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário